NOTA DE REPÚDIO AO RACISMO INSTITUCIONAL NO IFRJ
[O texto original informava que a IPS havia sido arquivada graças a uma petição de advogados que atuam contra o racismo, porém em nota ao sindicato, o NIAC-IFRJ comunicou que o arquivamento dentro do âmbito correcional foi anterior à petição mencionada, tendo o primeiro ocorrido em fevereiro e a segunda, em março. O núcleo correcional reiterou que os PADs e as IPSs seguem normativas e são supervisionados pela CGU e que não haveria espaço para a influência de pressões externas sobre decisões que seguem estas normativas.
Agradecendo ao esclarecimento do NIAC e feitas as devidas correções, reafirmamos nossa crítica ao racismo institucional no IFRJ e destacamos que o processo, embora arquivado no âmbito correcional, foi encaminhado para o comitê de ética do IFRJ, dando continuidade a uma situação em que se tenta inibir aqueles e aquelas que se manifestam contra as dinâmicas de racismo e privilégios, desconsiderando os verdadeiros problemas que deveriam ser enfrentados pela instituição.]
A Coordenação de Combate às Opressões do SINTIFRJ vem expressar seu repúdio aos atos impetrados desde julho de 2023 contra a professora Cintia Paula Santos da Silva, coordenadora do NEABI IFRJ Campus Arraial do Cabo, como reação às ações necessárias e esperadas de um Núcleo tão caro à comunidade dos campi do IFRJ. Entretanto, num conjunto de ações desastrosas e lamentáveis, a servidora foi coagida, desacatada e deslegitimada em sua atuação em prol da resolução do caso de racismo ocorrido entre discentes, chegando a responder uma Investigação Preliminar Sumária (IPS).
O racismo institucional não se limitou à exclusão da professora, única docente mulher negra do campus em uma situação em que seu olhar seria necessário, pois ainda foi acusada de insubordinação por apontar a importância e a necessidade de maior pluralidade e diversidade na composição de grupos como a comissão disciplinar. O pacto da branquitude seguiu fortalecido diante de tais dinâmicas. Infelizmente, um corpo negro, independente de ter um mestrado ou doutorado, em primeiro lugar é visto como um indivíduo negro pela sociedade. E dentro das instituições não é diferente, quando a servidora negra aponta dinâmicas de discriminação, exclusão ou até mesmo racismo, é vista como exagerada, alarmista, mesmo estando embasada por leis federais.
O racismo é uma violação inaceitável dos direitos humanos e, quando ele ocorre em uma instituição como o IFRJ, escancara problemas sobre os quais precisamos nos debruçar, para o bem de toda a comunidade. Vivemos tempos de ‘nova’ lei da mordaça? Nós, servidoras e servidores públicos, sobretudo quando devidamente embasados, não podemos questionar a instituição quando esta não se demonstra sensível às questões que afligem sua comunidade?
Os atos de racismo institucional que ocorreram e ainda ocorrem no IFRJ nos diminuem como servidores e como membros da sociedade. Não podemos por inação continuar tomando atitudes que desfavorecem grupos historicamente marginalizados tampouco silenciar uma mulher negra representante desses grupos.
É nossa responsabilidade coletiva nos solidarizarmos com o NEABI – Arraial do Cabo, na figura da companheira Cintia, no combate às teias da opressão, que se enraizam em nossa instituição, e na construção de um IFRJ mais justo e igualitário.
SINTIFRJ contra o racismo!
Coordenação de Combate às Opressões do SINTIFRJ
Direção Executiva – Biênio 2023-2025