Na tarde do dia 24 de agosto, foi realizado na Candelária, o ato da Jornada Nacional contra a Violência Policial no Rio de Janeiro. O evento foi organizado por várias entidades do Movimento Negro e teve como mote principal o combate à onda de violência policial que tem acontecido nos últimos meses, cerca de 60 pessoas negras mortas em três estados, e o repúdio ao assassinato recente da Mãe Bernadete, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia, que foi lembrada diversas vezes no ato. A coordenadora geral do SINTIFRJ, Daniela Zanotti, estava presente no ato para apoiar essa causa tão necessária.
Os manifestantes protestaram com cartazes, cantos e falas pedindo o fim das chacinas policiais, do genocídio ao povo preto, do encarceramento em massa dos negros, o fim da Polícia Militar, câmeras nas fardas, entre outras reivindicações. Muitos falaram que essas mortes fazem parte de um projeto racista de exterminação dos pretos e pobres coordenado pelo Estado. O governador Cláudio Castro foi citado diversas vezes como o responsável por essas ações nefastas da Polícia que tiram a vida de crianças. “A polícia chama os jovens e crianças de bandidos mas não provam” disse uma manifestante, que depois recordou alguns nomes de crianças e adolescentes mortos por policiais. João Pedro, Eloá, Emily, Marcos Vinicius, Agatha Félix e Thiago Menezes, a morte mais recente, foram algumas crianças recordadas. Também havia muitas crianças no ato, o que deixou tudo mais simbólico.
Familiares e amigos de Thiago Menezes Flausino, menino de 12 anos assassinado em uma operação policial na Cidade de Deus no início de agosto, estavam presentes e pedindo justiça pelo jovem. Sua mãe, Priscila Menezes, fez uma fala tocante, afirmando que o filho foi executado. “Que os policiais parem de achar que qualquer morador é bandido, acabaram com o sonho do meu filho. Que não sejam só afastados, que a lei seja mais pesada, tem que ser preso e pagar pelo erro deles. Eu vou continuar nessa luta” protestou ela. Depois dela, outras mães que perderam filhos também deram depoimentos lembrando a lentidão das investigações dos casos e a saudade dos seus.
Durante o ato houve uma apresentação do Instituto Cultural Ilê Axé Nitó Omin Odé, que fez uma apresentação de dança chamada xiré, uma dança específica para os orixás, mas que serviu como homenagem aos que morreram, em especial a Mãe Bernadete, e também como um protesto contra o racismo religioso.
“A gente não defende bandido, a gente defende o nosso povo, os nossos filhos, os nossos homens” disse uma manifestante. O povo negro só quer viver! Continuemos buscando justiça da forma que nos cabe, denunciando, indo a atos, acolhendo aqueles que precisam e votando em quem é antirracista!
Sintifrj pelo fim da violência policial!
Direção Executiva – Biênio 2023-2025