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SER TRABALHADOR(A) DO IFRJ É… TORRAR NA BUENOS AIRES SER ALVEJADO EM SÃO JOÃO DE MERITI

“Vocês que fazem parte dessa massa

Que passa nos projetos do futuro

É duro tanto ter que caminhar

E dar muito mais do que receber

E ter que demonstrar sua coragem

À margem do que possa parecer

E ver que toda essa engrenagem

Já sente a ferrugem lhe comer”

 

A precária situação dos(as) trabalhadores(as) do IFRJ, de modo a impressionar, guarda forte correlação com os tristes versos de Zé Ramalho, sob os olhares sadicamente displicentes de seus gestores. Doamos ao IFRJ nossos sonhos, o suor de nossos rostos, nosso talento e, na atual conjuntura, nossa saúde, inclusive. Ao IFRJ, na figura de seu reitor, o que mais seremos compelidos a doar? Nossas vidas – no sentido mais estrito da palavra -? DEFINITIVAMENTE, NÃO! 

 

Chega de dar muito mais do que receber à essa instituição cujas engrenagens já sentem a ferrugem lhe comer! Não podemos, sob argumentação alguma, aceitar passivamente situações como a que ocorreu no dia 29 de agosto no campus São João de Meriti, em que sua comunidade acadêmica ficou, sob intensa troca de tiro nas dependências do campus, agachada atrás de paredes, a fim de evitar uma possibilidade real de morte, ou, ainda, como a condição de calor desumano a que os trabalhadores da Reitoria são submetidos, pela inoperância recorrente do sistema de refrigeração do caquético prédio da Buenos Aires. Precisamos nos revoltar! Precisamos nos mobilizar! Pois, como pregou Marx, sabiamente, diga-se de passagem, “a emancipação dos(as) trabalhadores(as) será obra dos(as) próprios(as) trabalhadores(as).”. Somos nós quem precisamos agir!

 

De nada vai adiantar esperar medidas que possam atenuar a insegurança explícita e inequívoca no campus  São João de Meriti, se sequer uma simples nota oficial de pesar e apoio à comunidade, pela violência sofrida, foi pronunciada pelo nosso reitor. Da mesma forma, não é razoável imaginar que o mesmo reitor que se absteve de se pronunciar diante de uma situação de aterradora violência ocorrida em um de seus campi, vá se importar com a insalubridade a que os servidores da Reitoria estão expostos. Aliás, condições insalubres e de pouca segurança não são restritas apenas ao campus São João de Meriti ou à Reitoria, mas ao IFRJ como um todo. Amontoam-se relatos de colegas dos demais campi trazendo situações bastante semelhantes em relação às péssimas condições de trabalho e exposição a eventos graves, no interior de seus campi, inclusive, em relação à insegurança.

 

Os(as) trabalhadores(as) não podem, de forma alguma, exercer suas funções sem o conforto térmico adequado, que, segundo a NR 17, deve variar entre os 18 e 25 ºC, devendo a organização adotar medidas de controle de temperatura. A gestão do IFRJ não pode exigir que seus servidores trabalhem presencialmente, vez que são incapazes de garantir as mínimas condições estruturais para isso, sendo a temperatura adequada do ar e a salvaguarda da integridade física de seus(as) trabalhadores(as), integrantes desse rol. Suplicar por condições que deveriam ser elementares para o funcionamento de qualquer instituição de ensino, seja pública ou privada, e por um modelo de gestão mais humanizado, que não enxergue seus(as) servidores(as) como ferramentas descartáveis, ultrapassa todas as barreiras do absurdo.

 

Por fim, ao Reitor Rafael Almada, exigimos, enquanto instituição legítima de representação dos trabalhadores do IFRJ, que se manifeste, de forma clara, sobre os fatos narrados, trazendo, imediatamente, alternativas para reverter as inaceitáveis condições a que os servidores do IFRJ estão expostos. Todos(as) os(as) servidores(as), não somente da Reitoria do IFRJ e do campus São João de Meriti, mas do IFRJ como um todo, mobilizemo-nos, para que, se nossas demandas mais elementares – por saúde e vida – não forem atendidas, possamos encampar mais um movimento paredista. Porém, dessa vez, não por carreira, mas pela garantia das condições mais básicas das quais toda vida humana depende.