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Política de exclusão

DISCURSO PARA O ALUNO, AÇÃO PARA O GOVERNO! TERCEIRIZAÇÃO DE RESPONSABILIDADES?
A política de exclusão educacional-digital no IFRJ durante as APNP
É um disparate o modo como vêm sendo aplicada as APNP no IFRJ!
A problemática da exclusão digital-educacional tem sido uma questão nacional. Ela envolve diversos aspectos nesta pandemia a serem levados em consideração. Além da dimensão material da conexão informacional-digital (inexistência tecnológica de acesso, equipamentos adequados) e de condições ideais de estudo nos lares de nossos estudantes, há que se levar em consideração a infraestrutura nos lares das famílias brasileiras (conexão a banda larga, velocidade e qualidade de transmissão). Além disso, há a questão financeira (vivenciamos um momento perverso de crise econômica, e a possibilidade de contratação de serviços de internet não é para todos). Como se não bastasse, há o aspecto cognitivo-emocional causado pelo isolamento social e demais transtornos emocionais neste período de Pandemia da Covid-19. Senão vejamos sua realidade no IFRJ.
O texto das APNPs votado no CONSUP diz niridamente que as atividades acadêmicas devem ser retomadas com acesso universal dos estudantes. Pergunto: em qual campus por acaso está tendo acesso universal? Afinal, defendemos o improviso emergencial a qualquer custo e com exclusão digital? A gestão da Reitoria pode terceirizar responsabilidades para as Direções locais?
Conforme noticiamos recentemente, a Reitoria assumiu compromisso público com o SINTIFRJ de garantir universalidade de acesso e inclusão digital até o dia 30 de novembro sob pena de nova revisão do calendário acadêmico, desta vez realizado de modo democrático e em discussão com a comunidade e as instâncias deliberativas da instituição. Pergunto, de modo honesto, à gestão do “IFRJ Juntos”, se já chegaram os tablets?  Já chegou o auxílio digital para todos? Afinal a proposta de APNP parte da própria Pró-Reitoria de Ensino. Relembro, aqui, o trecho da reunião entre Sindicato e Reitoria, realizada recentemente:
“A coordenação [do SINTIFRJ], inclusive, pontuou algumas contradições impostas neste período, como o atropelo e falta de comunicação da gestão com a comunidade em inúmeros processos, como o respeito deliberativo do CONSUP quanto a definição do calendário acadêmico, dentre outros pontos. O importante a se destacar foi o compromisso assumido pela Reitoria de que o atual período de acolhimento aos estudantes em formato APNP, previsto para se encerrar dia 30, data em que retomaríamos as atividades pedagógicas no formato remoto, será suspenso caso o auxílio conectividade não chegue para todos os estudantes e servidores que solicitaram. O prazo estabelecido pela reitoria foi o dia 30 de novembro. Caso a universalidade do acesso e inclusão digital não sejam asseguradas até lá, haverá suspensão e reformulação do calendário acadêmico, em conjunto com a comunidade, de modo democrático e participativo”.
Precisamos assegurar que as atividades APNP (que lamentavelmente já têm sido aplicadas como atividade de ensino em alguns campi, e não como acolhimento, conforme deliberado pelo IFRJ) não sejam levadas adiante com vigência do calendário, posto a falta de acesso e conectividade por parte significativa de nossos estudantes. Chega de improviso!
Neste período, está a ocorrer uma enorme falta de orientação e de informações precisas por parte da Reitoria e das Direções Gerais e de Ensino. Uma verdadeira torre de Babel. Para não haver desesperos e frustrações, deve haver um discurso unificado por parte de Reitoria, Pró-Reitorias, Direções Gerais e Direções de Ensino.
Nossos estudantes devem ter acesso digital e se sentirem acolhidos nesse período tão difícil da pandemia e da substituição emergencial do ensino presencial pelo ensino remoto. Também nossos docentes estão aflitos, muitos carentes de informações. Não pode haver terceirização de responsabilidades em nosso Instituto. Se queremos um IFRJ Juntos, comecemos pelo princípio: pelo debate coletivo e pelas decisões coletivas!
Aguardamos os tablets e o auxílio conectividade para TODOS, bem como maior padronização e transparência nas informações, e as decisões mais participativas. Não podemos fortalecer a política de exclusão educacional no IFRJ e a terceirização de responsabilidades.
Não ao retorno presencial sem condições sanitárias seguras!
APNP só com universalidade e inclusão digital.
Nenhum estudante fica para trás!
Aguardamos todos e todas na Assembleia (virtual) do SINTIFRJ, sexta-feira, às 14h!
Relato escrito por: Michel Torres, Docente do IFRJ. Coordenador Geral do SINTIFRJ e integrante da Direção Nacional do SINASEFE.
Rio de Janeiro, 01/12/2020.

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