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29 de agosto: Dia da visibilidade lésbica

Hoje, 29 de agosto, é dia da visibilidade lésbica e o Sintifrj aproveitou a data para fazer uma entrevista com Ana Claudino, de 27 anos, que lançou o canal SapatãoAmiga no youtube voltado para mulheres lésbicas negras. Ana diz que sente falta de se ver representada na mídia e que ainda falta muito para que suas pautas e necessidades sejam atendidas tanto no poder público, quanto em toda a sociedade, por isso, a importância de uma data como esta. Vamos ler a entrevista com a Ana? Se liga aí!

– Fale como nasceu o seu canal? Quais os principais temas levantados por você nele? Objetivos?

R: Meu canal nasceu porque não me via representada nos canais brancos do Youtube, mesmo os LGBT, além de perceber a plataforma como um bom espaço para ampliar minha voz, pensamentos e trocar ideias com outras mulheres lésbicas negras. Os principais temas levantado nele são minhas experiências como mulher negra sapatão além de comunicação com representatividade para construção de novas narrativas. O objetivo principal dele é mostrar que nós mulheres negras lésbicas temos o direito de existir, de amar, de ser quem somos sem corrermos risco de morte por lesbofobia.

– Dia 29 de agosto é lembrado o dia da visibilidade lésbica, me fale sobre a importância de um dia como este dentro desta uma sociedade extremamente machista, conservadora, lesbofóbica, preconceituosa.

R: O dia da visibilidade lésbica vem para reforçar a construção de políticas públicas, ações, movimentos sociais e culturais e etc voltado para mulheres lésbicas. Porque ainda é muito difícil termos nossos espaços e locais voltado para nós, são poucos os que existem e mesmo assim são mantidos com muita luta. Também é um dia de celebração da nossa existência e de troca de afetos entre as nossas. É um dia onde saímos do armário e renegamos aquele local dizendo que não vamos mais voltar para ele.

– Quais os avanços, as principais pautas, os principais enfrentamentos das mulheres lésbicas hoje no Rio de Janeiro? O que precisa ainda avançar em termos de direitos, de políticas públicas?

R: Nesse caso posso falar sobre minha experiência dentro do movimento de mulheres lésbicas desde 2016. Percebo que as principais pautas são acesso a saúde e ao mercado de trabalho. Muitas mulheres lésbicas estão desempregadas ou em condições subhumanas no trabalho informação porque não conseguem espaço no mercado de trabalho por conta de sua orientação sexual. Os enfrentamentos são mais ligados a questão da segurança individual e coletiva, como no caso de estupro corretivo envolvendo mulheres lésbicas e o lesbocídio. Ainda temos muito a avançar na construção de direitos e políticas públicas. Tivemos um grande avanço com a vereadora Marielle Franco quando ela chamou várias coletivas e movimento social de lésbicas para juntas construirmos a PL da visibilidade lésbica, colocando o dia 29 de agosto no calendário da cidade do RJ, infelizmente não passou por poucos votos mas já foi uma grande conquista no ano de 2017.

– O que precisa ainda ser feito pelos movimentos sociais no geral para que esta seja uma pauta de todas e todos e em todos os espaços?

R: Entender que mulheres lésbicas existem e que não é meramente uma questão identitária. Ainda estamos pelo direito de existir, pelo básico sabe? Acho que seria melhor se todas e todos pudessem também nos dar espaço para falarmos dentro desses movimentos, entender nossas pautas, somar força a elas, apoiar mulheres lésbicas é apoiar os direitos humanos.

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