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Dia Nacional da Consciência Negra

20 de novembro, é o Dia Nacional da Consciência Negra, uma data que nos convida a refletir sobre a situação do povo negro no Brasil, celebrando sua história, sua cultura e suas lutas. Uma data que nos lembra da sua resistência contra a escravidão, o racismo e a desigualdade.

Não podemos ignorar que a população afro-brasileira é a mais atingida pela violência, pelo racismo, pela pobreza e pela exclusão social. Segundo o Atlas da Violência 2021, os negros representam 77% das vítimas de homicídio no país e têm mais do que o dobro de chance de serem assassinados do que os não negros. Além disso, as mulheres negras são as que mais sofrem com o feminicídio, o assédio e a violência doméstica.

Dados mais recentes sobre empregabilidade e pessoas negras no Brasil mostram que há uma grande desigualdade racial no mercado de trabalho, que afeta o acesso ao emprego, à renda e ao desenvolvimento humano. Segundo pesquisa do IBGE (2019) os negros têm mais dificuldade de obter emprego e recebem até 31% menos que os brancos. Além disso, a renda média domiciliar per capita dos negros era metade da dos brancos em 2018.

Outra pesquisa, do Dieese, divulgada em 2022, confirma essa situação de desvantagem dos negros no mercado de trabalho. A taxa de desocupação das mulheres negras era de 13,9%, a mais alta entre todos os grupos raciais e de gênero. Os homens negros ocupados recebiam, em média, 60% do que os homens não negros recebiam na mesma função.

Essas desigualdades raciais comprometem as oportunidades de desenvolvimento da população negra, que representa 55,8% dos brasileiros. Um relatório das Nações Unidas, publicado em 2018, apontou que os negros vivem, estudam e ganham menos do que os brancos, e que é preciso implementar políticas públicas e sensibilizar a sociedade para combater o racismo e a discriminação.

Precisamos destacar também o papel das religiões de matriz africana na valorização da ancestralidade, da comunidade, da música, da dança, da arte, da natureza e da diversidade. Elas expressam a sabedoria, a beleza e a resistência do povo negro. Infelizmente elas seguem sendo alvo de preconceito e discriminação na nossa sociedade, o que viola o direito à liberdade religiosa garantido pela Constituição Federal.

É fundamental lembrar que as escolas são espaços de diálogo, de respeito e de aprendizagem sobre a diversidade racial, priorizando uma educação antirracista, que visa não apenas coibir a disseminação de falas e atitudes racistas e preconceituosas, mas também valorizar a identidade, a cultura e a história dos diferentes povos que compõem o Brasil. É preciso reforçar o cumprimento da lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena na educação básica.  

O Brasil ainda tem uma dívida histórica com os descendentes dos africanos escravizados e explorados durante séculos. O racismo estrutural está presente nas estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais de um país. Ele está na origem da nossa história, marcada pela colonização e pela escravidão, e se perpetua até hoje, gerando violência, pobreza e exclusão para a população negra. Para combatê-lo é fundamental valorizar e apoiar as iniciativas que promovem a cultura, a educação, a saúde, a economia e os direitos humanos da população afro-brasileira.

Citando a escritora, poeta e feminista e ativista dos direitos humanos norte-americana Audre Lorde, “Silêncio no patriarcado é a voz da cumplicidade”. Nesse sentido, o SINTIFRJ conclama cada servidor, no engajamento à luta antirracista, por justiça, igualdade e democracia. É preciso apoiar e valorizar as iniciativas que promovam a cultura, a educação, a saúde, a economia e os direitos humanos da população negra. Combater o racismo em todas as suas formas, seja ele individual, religioso, institucional ou estrutural é um compromisso desta gestão.

Sigamos na construção de um IFRJ antirracista!