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Mãe Bernadete, líder quilombola e defensora dos Direitos Humanos é brutalmente assassinada em seu terreiro. Até quando?”

É com sentimento de revolta, que nós do SINTIFRJ lamentamos a morte da líder quilombola, Mãe Bernadete, que foi brutalmente assassinada a tiros no seu terreiro. O crime ocorreu em Simões Filho, município do estado da Bahia, e há suspeitas de que seja um crime de intolerância religiosa. Bandidos armados invadiram o local, amarraram pessoas e executaram a Mãe Bernadete. Em nota, o Ministério da Igualdade Racial diz estar em contato com o governo baiano para ter mais informações sobre o crime. Uma comitiva do Ministério estará atendendo às vítimas e familiares para garantir a proteção e defesa do território. 

Mãe Bernadete era ex-Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, defensora dos Direitos Humanos, coordenadora nacional da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombola (CONAQ) e líder da comunidade Remanescente de Quilombo Pitanga de Palmares. Ela também tinha um filho chamado Flavio Gabriel, conhecido como ‘Binho do Quilombo’, que foi vítima fatal de um assassinato em 2017, o que indica se tratar de um padrão recorrente de perseguição religiosa.

Em julho deste ano, ela participou de uma reunião com a ministra do STF, Rosa Weber, e outras lideranças religiosas para falar sobre a violência contra as comunidades quilombolas. Mãe Bernadete, nessa oportunidade, deu um relato preocupante: “Até hoje não sei o resultado do assassinato de meu filho. Abalou todo mundo. Foi no mesmo período em que aconteceu a morte de Marielle (Franco). Inclusive, eu fui em diversos encontros com a mãe de Marielle. É injusto. Recentemente perdi outro amigo e uma amiga em um quilombo. É o que nós recebemos: ameaças, principalmente de fazendeiros, de pessoas da região. Hoje eu vivo que não posso sair, que estou sendo revistada, cercada de câmeras, me sinto até mal com um negócio desses”, relatou a líder.

Isso tudo mostra o quanto populações quilombolas vivem em situação de extrema vulnerabilidade, sendo perseguidas, violentadas, mortas e o quanto o Estado brasileiro precisa urgentemente proteger essa população das mais diversas formas de intolerância. Que haja medidas urgentes quanto a isso e que os responsáveis respondam por seus atos! 

Nós do SINTIFRJ, expressamos solidariedade aos familiares e à comunidade.

Direção Executiva – Biênio 2023-2025.