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Série de entrevistas: A casa deixou de ser um lar e virou escritório de trabalho

Série de entrevistas: A casa deixou de ser um lar e virou escritório de trabalho

Durante o final deste segundo semestre de 2021, nós do SINTIFRJ estamos buscando ouvir a categoria e estudantes em relação aos inúmeros desafios enfrentados durante esse período de pandemia da Covid-19. Nosso objetivo é que todos e todas possam refletir e transformar cada um destes problemas em soluções coletivas tanto na luta sindical, quanto na sala de aula, na comunidade escolar e na sociedade. Nosso segundo convidado para falar como foi e tem sido enfrentar esse período, foi Anderson Chalaça, de 40 anos. Ele é bibliotecário do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Na entrevista abaixo, além de contar como foi transformar a casa em ambiente de trabalho, ele afirma que se houvesse mais apoio dos governos não só ao serviço público, mas aos menos favorecidos da sociedade, poderíamos ter passado por essa pandemia sem perder tantas pessoas. 

1 – Quais são os principais problemas encontrados por vocês profissionais dos Institutos durante esses quase dois anos de pandemia da Covid-19? 

Lidar com a rotina familiar e profissional no mesmo ambiente foi bem difícil. Não tínhamos estrutura para suportar. Fomos sendo levados pela rotina: o medo, a impotência e ao mesmo tempo uma “força” para proteger a família. A casa, o lar, foi tendo que se adaptar para algo que ela não estava projetada: escritório para duas pessoas, ambiente escolar para uma criança, suportar pessoas 24h usando o seu máximo de energia elétrica, água, aparelhos, estofados… Ou seja, as coisas começaram a dar problemas. Ficamos com a saúde mental abalada por vários dias e, apesar de todos os cuidados, fomos infectados pelo novo coronavírus.

Não sei como seria diferente, mas com certeza se tivéssemos gestores, governantes (em todas as esferas) que dessem apoio sanitário, econômico e estrutural, os problemas de muitos poderiam ter sido amenizados, não somente dos servidores (as) públicos.     

2 – Como você acha que pode ser construído o planejamento para o retorno presencial/gradual no IFRJ?

Minha sugestão seria ao menos uma consulta aos segmentos profissionais de forma sistêmica, algo como uma proposta com parecer técnico e seguindo as recomendações dos que entendem de segurança do trabalho e protocolos sanitários. Partindo das recomendações desses profissionais, deve-se ouvir os segmentos, por exemplo, bibliotecários, técnicos de informática, secretários, médicos… cada um pensando no planejamento dos setores, de forma segura e específica em cada área e ambiente.

3- Para terminar, fale sobre a importância da comunidade escolar estar atuante na luta sindical em defesa dos direitos trabalhistas, mas também sanitários, estudantis…em momentos de grandes retiradas de direitos como a do contexto atual de país: 

Muito importante participar da luta dos trabalhadores e trabalhadoras, o sindicato é um desses espaços. Devemos ocupar ainda mais em tempo de tantos ataques aos direitos trabalhistas e dos menos favorecidos. Aqui, em específico os servidores (as) públicos, que apesar de todos os ataques, contribuíram para suportar a crise sanitária afetada pela ausência de incentivos.