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SINTIFRJ presente na Plenária de Mulheres em parceria com companheiras de outros sindicatos

SINTIFRJ realiza Segunda Plenária de Mulheres em parceria com companheiras de outros sindicatos

No dia 18 de junho, o SINTIFRJ, em parceria com companheiras de outros sindicatos, realizou a “Plenária de Mulheres em Greve pela Educação”. Esse evento coletivo foi de extrema importância, destacando a necessidade urgente de união na luta pelos direitos das mulheres. Além do SINTIFRJ, a organização contou com a participação da ASSINES, SINDSCOPE, ANDES, e SINTUR. 

A Plenária ocorreu no auditório do Colégio Pedro II Campus Tijuca das 13h às 17h30 e reuniu cerca de 60 mulheres. O fórum teve duas mesas de debate e a construção de uma carta de princípios. No início da Plenária, a professora do Colégio Pedro II, Liliane Machado, apresentou um projeto muito importante coordenado por ela, que resultou no livro “Morte: Substantivo Feminino. Olhares sobre o feminicídio”, escrito por suas alunas. O livro, composto por  poesias e textos, reflete sobre como autores da literatura clássica descreviam o feminicídio com naturalidade, não destacando a atrocidade e a crueldade desse tipo extremo de violência de gênero e misoginia. O projeto incentiva alunas(os) e leitoras(es) a olharem tais obras com uma perspectiva crítica, analisando também o modo como a legislação brasileira sobre o tema foi se transformando  influenciada pela luta feminista.  Trechos do livro foram lidos pela professora e por algumas alunas , deixando as participantes do evento comovidas e indignadas com essa realidade trágica. 

Mesa 1: Análise da conjuntura com representantes das entidades organizadoras

A primeira mesa foi conduzida pela coordenadora geral do SINTIFRJ, Roberta Cassiano, pela servidora Vanessa Mandriola ( ASSINES), Ivanilda Reis ( FASUBRA  e SINTUR), Renata Gama  (ANDES), por Priscila Bastos (SINDSCOPE) e Kênia Miranda  (ADUFF). As integrantes da mesa fizeram uma análise de conjuntura sobre a luta das mulheres no Brasil, destacando como a greve é algo que impacta principalmente a vida das mulheres. Falaram, por exemplo, sobre a importância e sobre a  capacidade das mulheres ocuparem espaços políticos, de lutarem contra o avanço do neoliberalismo e os ataques aos direitos sociais e aos serviços públicos, da importância da educação feminista dentro das escolas para barrar o patriarcado, das dificuldades de dividir direções sindicais com homens, das conquistas das direções sindicais por mulheres. . 

Outro tema abordado foi sobre como o reajuste salarial pode ser seletivo e ter  recorte de gênero, visto que a carreira policial, majoritariamente composta por homens, recebeu reajuste  e enquanto as carreiras da educação, majoritariamente compostas por mulheres, continuam lutando por seus reajustes, sem êxito. Para essas mulheres, trabalhadoras da educação, o governo oferece 0% de reajuste. Ao final, a servidora Renata Gama (ANDES) declarou: “nós mulheres sabemos fazer debate de gênero, mas também fazemos debate de greve”. Também foi mencionado e criticado diversas vezes o PL 1904/24 que criminaliza vítimas de estupro que hoje têm direito ao aborto legal e seguro, visto que na pauta feminista esse é um assunto urgente e que penaliza sobretudo as meninas brasileiras vítimas de violência sexual. 

Roberta Cassiano, coordenadora do SINTIFRJ, enfatizou a violência de gênero dentro dos espaços sindicais, destacando que muitas vezes as pautas de gênero são negligenciadas, consideradas secundárias e falou sobre a necessidade de se mudar a correlação de forças da política nacional através da centralidade das lutas e pautas feministas. Ela apontou  ainda a necessidade da participação e da presença de  mais mulheres no espaço sindical, trazendo novas práticas e métodos que tendem a fortalecer as entidades e a luta de todos e todas os(as) trabalhadores(as). Cassiano também enalteceu a composição da diretoria do SINTIFRJ,  majoritariamente composta por mulheres muito ativas na luta, e destacou que as parlamentares mulheres foram as que mais apoiaram a greve.

Após a fala das condutoras,  foram  abertas as inscrições para fala do público. As  participantes expressaram felicidade pela realização do evento e ressaltaram a importância de um espaço para que várias mulheres de vários sindicatos pudessem se unir e compartilhar experiências. Falaram também sobre as dificuldades enfrentadas por mães que estão em greve, da necessidade de políticas de prevenção ao estupro nas escolas, sobre o medo e a dificuldade de denunciar assédios e ações racistas e sobre a importância do espaço infantil. 

Mesa 2: Política de enfrentamento aos assédios

A segunda mesa foi conduzida pelas convidadas Joyce Alves, docente da UFRRJ e pela Meiryellem Valentim, servidora TAE da mesma instituição . Elas apresentaram ações formativas para combater o assédio e demais violências. A professora Joyce que é pró-reitora da UFRRJ, o que é uma conquista porque ela é uma mulher trans, destacou que atualmente os casos de assédio estão sendo denunciados, o que representa um avanço significativo em relação aos anos anteriores. . Ela apresentou a Coordenação de Política Institucional pela Diversidade (CPID) da UFRRJ, que protege e acolhe pessoas em situação de violência e mostrou projetos da Coordenação. Joyce ressaltou que a formação é o caminho para combater o assédio instruindo as vítimas, e a necessidade de um protocolo contra o assédio para que as pessoas saibam o que fazer caso sejam assediadas ou conheçam vítimas de assédio, além de campanhas interseccionais, isto é, que abrangem a questões de raça, de gênero, capacitistas e LGBTQIAPN+. Ela exemplificou com a formação de guardas universitários e também destacou a importância de se insistir na apuração e finalização dos casos de assédio.

Em sequência, a professora Meiryellem falou sobre a ação sindical e o assédio moral nas universidades, destacando uma frase de Terezinha Souza, servidora da UNIRIO, convidada que infelizmente não pode estar presente:  “assédio moral é uma forma de gestão” explicando que o assédio é uma forma de gerir que favorece alguém.

A professora falou ainda sobre os tipos de assédio, como assédio vertical, assédio horizontal, entre outros. Meiryellem também destacou em sua apresentação que pesquisas apontam que  entre os alvos mais comuns de assédio estão  sindicalistas, militantes, técnicos competentes que geram insegurança ao gestor e pessoas que já estão adoecidas. Dentre essas pessoas, os negros e negras são os mais afetados. A servidora trouxe também um dado que revela que as pessoas que sofrem assédio têm quatro vezes mais chance de desenvolver depressão entre outros apontamentos relevantes sobre o tema

Após as apresentações, abriu-se para  que as participantes fizessem suas  perguntas. As condutoras responderam ressaltando a importância de se trabalhar junto com as gestões, pró-reitorias, porque é uma luta de todos.

Carta de princípios 

No final foi apresentada uma carta de princípios elaborada coletivamente pelas coordenadoras do evento e que afirma que a luta por uma educação pública de qualidade é também uma luta feminista. Após a leitura da carta, abriu-se para destaques das participantes, visando uma construção coletiva. As participantes fizeram complementações incluindo termos que ressaltam a representatividade também da luta anti capacitista e termos que incluem o acesso à cultura, entre outros. Você pode ler a carta já com as inclusões das participantes clicando neste link.

A carta foi aprovada por todas no plenário. O evento encerrou com a leitura de uma poesia da palestrante Ivanilda Reis. 

Com grande alegria finalizamos esse evento de extrema importância que unifica as mulheres que estão na luta por reconhecimento, respeito, espaço e melhores condições de trabalho. Que venham muitas outras Plenárias das Mulheres no futuro.

SINTIFRJ sempre na luta pelas mulheres!

Direção Executiva – Biênio 2023-2025