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Debate: Ataques à rede e à educação pública

A terceira mesa do “Encontro sindical em tempos de crise”, realizado nos dias 16, 17 e 18 de novembro, pontuou os temas: Ataques à Rede e à Educação Pública (30 horas; IN 02; BNCC; Escola Sem Partido; Orientações sobre o itinerário de formação técnica e profissional no ensino médio). Esta mesa, realizada dia 17, à partir das 16h, contou com a presença de Fabio Bezerra (CEFET – MG), David Lobão e Camila Marques da Direção Nacional.

Na fala de Fabio, ele contou o histórico de organização da educação profissional no Brasil: os modelos de ensino que mais avançaram no Brasil, lembrou ainda que o país já foi referência nos métodos de ensino em toda a América Latina. Ele destacou algumas leis de ensino, as conferências regionais e nacionais de educação, contou como nasceram os institutos e os modelos de ensino adotados por eles, assim como o ensino técnico integrado; fortalecimento dos arranjos produtivos sociais e culturais locais; além de transferência de tecnologia social.

Para ele, a escola é um aparelho ideológico estatal, é um local de disputa e que a esquerda necessita também disputar. Ele trouxe alguns números importantes que se referem à organização dos IFs por todo o país: A rede federal tem 659 campi, com mais de 80 mil profissionais e mais de 11 mil projetos de pesquisas aplicadas. “Os primeiros a serem atingidos serão os campi mais avançados. É uma instituição que pela primeira vez traz o debate da tecnologia social”, destacou. Fabio afirmou ainda que as pesquisas e seus desenvolvimentos são feitos nas instituições federais. São as instituições públicas do país que são referências, não são as privadas. “Por isso, é hora de unirmos forças. O que nos espera pode ser algo ainda pior do que os ataques que já sofremos historicamente na educação pública do país. É preciso uma frente ampla antifascista e em apoio às periferias e às classes mais pobres que dependem da educação pública”, disse.

David Lobão, pontuou os ataques à rede federal de educação, contou que os institutos nasceram com a tarefa de formar a nova classe trabalhadora, atender 21% dos jovens em idade escolar no ensino médio. Ou seja, formar a nova classe trabalhadora é formar para o mercado de trabalho. “Precisamos nos perguntar se somos apenas isso? As nossas escolas sempre se destacaram. As nossas escolas são as que mais aprovam para o ENEM. A modalidade de ensino integrado tem os melhores indicadores da educação registados no país. Os alunos puderam voar muito mais alto do que o capital queria. Os nossos alunos têm plena convicção de que se ele for para o mercado de trabalho, ele ocupará este lugar. ”, falou.

Para além disso, David diz que o desempenho e a mobilização dos alunos também fizeram com que os institutos melhorassem e fossem para além do que o próprio governo e o capital queriam, que era o formar apenas para o mercado de trabalho. “Os alunos mostraram que é preciso voar mais alto, disputar uma universidade pública, ir para além do que o mercado de trabalho queria”,

Afirmou ainda que os institutos são abraçaram 3,5% da nossa juventude, “não chegamos perto da nossa juventude por inteira porque a burguesia não quer que pobres tenham acesso, tenham direitos, que não digam que miséria não é o nosso destino”, disse David. Segundo ele, é daí que surgem os ataques, e existem fatos que comprovam que é possível, inclusive, que os institutos acabem: Um dos grandes ataques é a Reforma do Ensino Médio. Outro grande debate é a terceirização, a precarização do trabalho; a instrução normativa 02, em que o objetivo é o regime de sobreaviso; banco de horas; e que acaba com liberação sindical; limita liberações para atendimento de saúde; proíbe pagamento de horas extras; impõe registro eletrônico; acaba com casos específicos; etc.

Camila Marques começou com um poema de Bertolt Brecht, logo após ela convocou o público para gritar a palavra de ordem: “O estudante é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo!” Logo após, ela afirmou que as instituições públicas tiveram crescimento no governo PT, “o PT investiu nas federais, mas também ampliou os investimentos nas redes do setor privado de educação. Mas como já sabemos, a lógica do capital, é que tenha todo o investimento só para ele, não querem nunca dividir o investimento, assim como o governo PT fez dividindo para o setor público e privado. Se tivéssemos acesso a educação pública de qualidade, ninguém iria procurar o setor privado. Com muitas lutas conseguimos passar pelo governo PT, chegando no governo Temer, essa rede é colocada como a rede do PT. As escolas federais são as escolas modelos do PT, não por acaso, eles querem acabar com elas”, declarou.

Para terminar, ela disse que a família Bolsonaro cresceu a partir da Escola sem Partido e, com certeza, os setores prioritários de ataque são os profissionais de educação, as instituições públicas de ensino, por isso, é necessário a reorganização dos setores sindicais, de ensino e junto a outros movimentos sociais.

Cobertura: Gizele Martins, Sintifrj!

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