Cada dia que passa fica mais evidente que o Brasil esteve muito próximo de um golpe no final de 2022. A recente notícia de que Bolsonaro e 36 de seus comparsas foram finalmente indiciados pela Polícia Federal na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 expõe a gravidade da situação. Entre os indiciados, estão também o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa derrotada de Bolsonaro, e o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Esses fatos não são apenas um reflexo da crise política em nosso país, mas também um alerta sobre os perigos que ainda pairam sobre a nossa democracia.
A investigação da Polícia Federal revelou ataques sistemáticos ao processo eleitoral e à confiabilidade das urnas eletrônicas, a elaboração de uma minuta de golpe e, como se não bastasse, um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A prisão de cinco pessoas envolvidas no golpe e na tentativa de assassinato é um testemunho da gravidade das ameaças contra a ordem democrática. Essas notícias são muito graves e nos lembram, mais uma vez, que a democracia no Brasil está sendo constantemente ameaçada, como já foi no passado. Não podemos esquecer que o Brasil nunca puniu devidamente os torturadores e criminosos da ditadura militar, e que a única tentativa de enfrentar esse passado se deu na Comissão da Verdade proposta por Dilma Rousseff, uma medida que ainda é combatida por setores da extrema-direita.
A memória histórica é um campo essencial de disputa ideológica. A falta de punição para os crimes da ditadura e o revisionismo histórico, que ainda é promovido por parte da extrema-direita, são fatores que alimentam o projeto de poder de governantes como Bolsonaro. Esse projeto, que visa a militarização das escolas e a disseminação de ideias autoritárias, é uma tentativa de retroceder ao passado, um passado de repressão, censura, tortura e morte, onde a dissidência era brutalmente silenciada sem qualquer constrangimento e sem que os responsáveis prestassem contas à sociedade. Quando o governo de Bolsonaro tenta militarizar as escolas, ele não apenas enfraquece o ensino crítico e a formação cidadã, mas também tenta construir uma base ideológica que legitime práticas autoritárias, como as que marcaram o período da ditadura militar.
A militarização das escolas, longe de ser uma proposta apolítica, é uma estratégia de controle e submissão. Ao colocar militares no papel de educadores, o governo busca não apenas desqualificar os profissionais da educação, mas também impor uma visão de mundo que favoreça o autoritarismo, a subordinação e o pensamento único. O objetivo é formar uma geração que não questione, que se conforme e que não se organize contra as injustiças e desigualdades estruturais. Não podemos permitir que esse projeto avance. O Brasil já vivenciou o terror de um regime militar que perseguiu, censurou, torturou e matou sem piedade, inclusive diversos(as) estudantes e professores(as) que resistiram bravamente nos espaços que ocupavam. Não podemos deixar que a memória de nossas vítimas seja apagada, nem permitir que essa história se repita.
Por mais que o projeto primordial de implementação das escolas cívico-militares de Bolsonaro tenha sido revogado, ainda existem muitos incentivos para essa implementação ao redor do Brasil. Em São Paulo, por exemplo, um programa escolar cívico-militar proposto pelo governador bolsonarista Tarcísio de Freitas foi aprovado este ano pela Alesp, o que mostra que essa ofensiva é constante e continua ameaçando a educação.
As tentativas de Bolsonaro de militarizar as escolas estão intimamente ligadas ao seu projeto golpista. Ao mesmo tempo em que busca uma anistia para os criminosos de seu governo, ele também tenta apagar o passado de repressão e opressão, criando condições para a formação de um Estado autoritário. A história da ditadura militar não deve ser uma página virada sem consequência. A luta pela memória e pela verdade é fundamental para que nunca mais o nosso país passe por uma ditadura que tente silenciar e exterminar a oposição.
Não faltam lutas que devemos travar, e essa luta é diária: dentro dos nossos institutos, das salas de aula, nos locais de trabalho, na educação em geral, porque é a educação que forma as consciências que vão combater essas ofensivas. Da mesma forma, hoje, precisamos estar organizados nos nossos sindicatos para travar essas batalhas contra a anistia desses criminosos e contra a militarização das escolas.
A defesa da educação, da memória e da justiça é uma luta cotidiana, que deve ser travada em todos os espaços: nas escolas, nas universidades, nos locais de trabalho, nas ruas e, acima de tudo, nos sindicatos. Precisamos estar organizados para enfrentar as ameaças que surgem a cada dia, como a anistia aos criminosos golpistas e a militarização das escolas. O SINTIFRJ tem um papel fundamental nessa luta.
O SINTIFRJ É CONTRA A ANISTIA PARA BOLSONARO E SEUS COMPARSAS CRIMINOSOS E CONTRA A MILITARIZAÇÃO DAS ESCOLAS!
Direção Executiva – Biênio 2023-2025