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15 de outubro: Dia da Professora e do Professor

Hoje, 15 de outubro, é dia das professoras e dos professores de todo o Brasil! São eles os responsáveis pela nossa formação, pela construção do nosso conhecimento e pela mudança social do nosso país. Merecem todo nosso apreço e homenagens nesta data. 

Professoras e professores brasileiros têm seus direitos negligenciados diariamente: trabalham muito, recebem pouco, têm um plano de carreira precário, sofrem violências, adoecem devido à sobrecarga de trabalho, entre outros problemas. E, mesmo assim, persistem na tarefa de educar. Por isso, é importante dar visibilidade à trajetória e aos desafios que enfrentam. 

Por isso, o SINTIFRJ conversou com a pedagoga, doutora e professora do IFRJ, Janaína de Azevedo Corenza. Ela tem formação em Pedagogia pela UFF, doutorado em Ciências Humanas pela PUC-RJ. Atualmente, trabalha formando professores, lecionando nos cursos de licenciatura em Química, Física e Matemática no IFRJ, e também nos cursos de pós-graduação lato sensu em Ensino de Histórias, Culturas Africanas e Afro-Brasileiras, e na Educação de Jovens e Adultos. 

Janaína tem 28 anos de carreira como professora, imensa experiência e muito amor pelo que faz. Em nossa conversa, ela trouxe um pouco de sua história e alguns pontos importantes a serem discutidos sobre a carreira do professor.

O sonho de ser professora 

Janaína sempre sonhou ser professora. Quando criança, dava aulas para as bonecas, em suas brincadeiras. Durante o ensino médio, teve a oportunidade de fazer um curso para dar aulas no ensino fundamental. Chegou até a atuar em algumas escolas privadas. Foi nesse ritmo que ela teve a certeza da profissão. 

Mais tarde, conseguiu ser aprovada em um concurso da rede estadual de educação do Rio de Janeiro, e chegou a atuar na alfabetização dos alunos. Com 19 anos, prestou vestibular para Pedagogia. Depois, foi aprovada em um concurso municipal do Rio de Janeiro. Na rede municipal trabalhou com educação infantil, fundamental e com jovens infratores. “Em cada espaço que eu vivenciei como professora, eu fui feliz” – ela conta. Também trabalhou com gestão educacional, mas afirma: “é a sala de aula que me move”.

A Janaína professora do IFRJ e o olhar de inclusão

Janaina é professora do IFRJ desde 2013. Já lecionou no campus Paracambi e agora está no campus Nilópolis. Conta que sempre se sentiu acolhida e respeitada em ambos os espaços. 

Ela diz que uma das oportunidades mais importantes que teve no IF foi poder oferecer uma disciplina com abordagem étnico racial. A matéria, de caráter optativo nos cursos de licenciatura, tem o objetivo de ajudar o professor a ter um olhar preocupado com questões raciais quando for atuar em escola pública, o que é de extrema importância, já que a maioria dos estudantes em escolas públicas são negros. Além disso, o número de evasão e reprovação são maiores também entre os estudantes negros, como ela aponta. Sobre a disciplina, Corenza descreve que é importante que o professor “pense o sujeito” e tenha um olhar inclusivo. 

Agora, a educadora luta para que essa disciplina se torne obrigatória. Trazer esse exemplo é relevante para lembrarmos que o IFRJ deve ser um lugar de inclusão de pautas raciais, com impacto direto na sociedade.

A carreira de professor no IFRJ

Perguntada a respeito dos desafios de ser professor no IFRJ, Janaína mencionou o atraso do reajuste e a paralisação da progressão e da promoção docentes, dramas que professores da instituição de ensino federal carioca conhecem bem. A educadora atribui essas questões à desvalorização da carreira docente, que acontece há décadas em todo o país. “Os professores nunca ganharam bem, a luta salarial é histórica. No espaço que eu ocupo hoje, de professora que forma professores, tenho o desafio de incentivar esses futuros professores a seguirem carreira, a dar continuidade nos estudos, seguindo carreira, já que o salário não é atrativo, não é digno”, afirma.

Ela também comentou como é difícil lidar com a falta de recursos para desenvolver uma aula de qualidade: “uma boa aula requer uma estrutura física, equipamentos. Essa precarização tem se agravado muito nos últimos anos.”

Hoje, no Brasil, analistas apontam que muitos recém-formados nos cursos de licenciatura não desejam ser professores, pois sabem que a chance de trabalharem muito e ganharem pouco é grande. Além disso, se a Reforma Administrativa vingar, tudo ficará mais difícil, pois a estabilidade do servidor será ameaçada. Isso porque também existe a tendência das Secretarias de Educação optarem por relações de trabalho em que docentes são temporários, e não efetivos. Por essa razão, o SINTIFRJ pretende continuar lutando contra a PEC 32/2020.

Ritmo de trabalho provoca adoecimento de professores 

Um estudo realizado pela Associação Nova Escola, em 2018, constatou que os índices de adoecimento de professores são altos: 66% relatam sofrer de ansiedade, mais de 20% sofrem ou já sofreram de depressão. Os professores também afirmam que as questões de saúde são causadas ou agravadas pelo trabalho. Quadro ainda anterior à pandemia, que piorou o cenário.

 Questionada a respeito, Janaína afirmou que, felizmente, nunca adoeceu por conta do trabalho, mas, diz que às vezes se sente ansiosa, com a cabeça cheia, e acha que situações assim podem ser a causa de adoecimento de muitos professores. 

A pedagoga considera que há várias atividades que faz como professora que são invisibilizadas. Mesmo já tendo retornando ao regime de trabalho presencial, ela faz atividades de cunho profissional fora do horário de trabalho, durante o dia inteiro, como responder e-mails, preparar aulas, entre outras coisas. Impactos da pandemia, que acostumou os professores a esse ritmo. “Eu respondo mensagens do trabalho em fila de espera de mercado, de banco, dentista, então parece que a gente tá trabalhando mais”, ela conta.

Pluralidade e liberdade no ensino 

A Educação vive tempos sombrios com o governo Bolsonaro. Cortes que afetam a estrutura das instituições de ensino e a guerra ideológica, os fantasmas da “escola sem partido”, são constantes. Por isso, a luta para tirar o presidente que é o grande inimigo da Educação do poder, nessas eleições. 

Em resposta ao fenômeno ultraconservador na Educação, especificamente sobre os ataques aos princípios constitucionais da liberdade de ensino e do pluralismo de concepções pedagógicas, 80 instituições de educação vão lançar uma nova versão do Manual Contra a Censura nas Escolas, feito pela primeira vez em 2018. Dá para entender o quanto esse problema é marcante.

Questionada sobre quais direitos devem ser garantidos atualmente aos professores, a pluralidade e a liberdade de expressão foram alguns dos quais a professora Janaína lembrou: “é importante que os professores possam construir uma identidade docente. Nesses últimos tempos, o professor não está podendo expressar aquilo que ele pensa”, afirmou.

A conversa com a professora Janaína Corenza nos ajuda a ter mais clareza de como é a vida de um professor no IFRJ, seus desafios e a necessidade de valorização. Também retrata o período difícil que vivemos, pós pandêmico, com um governo fascista no poder. 

Se permanecemos lutando, podemos sonhar com o dia que o professor será, enfim, valorizado adequadamente e, então, veremos a educação brasileira deslanchar!

O SINTIFRJ deseja um feliz dia dos professores e das professoras a todos os educadores. Do IFRJ e do país! 

Diretoria Executiva / SINTIFRJ

Biênio 2021-2023