Destaques

SINTIFRJ repudia desigualdade de gênero no 34º CONSINASEFE

O SINTIFRJ vem a público manifestar todo o nosso apoio e solidariedade às servidoras mães que, presentes ao 34º CONSINASEFE, tiveram seus direitos e dignidade humana – e de seus filhos, que viajaram consigo – desrespeitados e violados durante o evento devido à má organização do Congresso eleitoral.

Foram várias as reclamações das mulheres sobre o não acolhimento de suas necessidades e de suas crianças no 34º CONSINASEFE, apesar de antes especificadas em formulários do evento. E, assim, no domingo, 15, um grupo de mães apresentou uma nota repudiando o tratamento desigual sofrido por elas e a ausência de ambientes e de alimentação adequados a seus filhos (confira a íntegra da nota no site do SINASEFE https://sinasefe.org.br/consinasefe/2022/05/16/nota-de-repudio-das-maes-presentes-no-34o-consinasefe).

A nota divulgada conta com detalhes de várias situações absurdas, a começar pela falta de atendimento preferencial às participantes com filhos logo no momento do check in e também nas filas de restaurantes no momento das refeições. Seguem-se outras denúncias estarrecedoras, como a hospedagem dessas mães e seus filhos pequenos em apartamentos sem telas de proteção em janelas e varandas e, em alguns casos, sem camas para as crianças!

As denúncias dão conta, ainda, de que no quesito alimentação as crianças foram totalmente ignoradas, com desconsideração de alergias alimentares previamente relatadas pelas mães em questionários do Congresso e pela inexistência de um cardápio infantil. Houve desrespeito também aos horários de alimentação, um grande problema para as mães, já que não dá para deixar crianças sem comer, com fome, por tantas horas. 

A falta de uma programação educativa para os filhos das servidoras também mostra o descaso, ainda mais flagrante em se tratando do CONSINASEFE, que tem como temática a luta por uma educação de qualidade. Não foram oferecidos espaços de lazer adequados às diversas faixas etárias e o horário das creches era incompatível com a programação do Congresso, o que deixou muitas mães sem poder participar de palestras e atividades, dentre outros problemas agravados pela falta de diálogo com a organização do evento.

Os fatos ocorridos, além de desrespeitosos, abusivos, e, pelas dificuldades apresentadas, impeditivos da plena participação das mães em todo o Congresso, ainda denunciam uma perspectiva machista na organização da luta sindical. Perspectiva essa que conduz a um agir preconceituoso e excludente que, mesmo que não seja percebido assim por quem age, contém um forte caráter misógino, incompatível com o que deve nortear a luta sindical: os princípios de igualdade e respeito ao próximo e às diferenças, sejam elas quais forem.

Além da flagrante contradição com o que prega o movimento de luta por direitos, que deveria ser um princípio norteador do CONSINASEFE, esse “não perceber” a necessidade das mulheres, e ainda mais, das mulheres que são mães, é ainda mais problemático pois promove a invisibilidade do gênero feminino. Gênero já tão invisível historicamente, que briga por tantos e tantos anos na luta feminista pela igualdade de direitos e para que a voz das mulheres seja ouvida verdadeiramente. Mais do que contradição, hipocrisia que não pode e não será aceita!

As situações absurdas vivenciadas por nossas colegas ficam ainda mais surreais se contrastadas com as pautas defendidas no 34º CONSINASEFE, em defesa da igualdade de gêneros, contra as opressões das minorias e pela necessidade de ampliação da participação de mulheres no espaço sindical. Mas como defender igualdade sem garanti-la na prática em nossos próprios espaços de luta?

O SINTIFRJ questiona, denuncia e repudia o lamentável ocorrido, prestando solidariedade a todas as trabalhadoras do serviço público. Em especial às mães que, mesmo com a dupla jornada de trabalho em casa e no serviço, constroem conosco a luta sindical pelo direito de todas e todos! Que estejamos atentos e que sejamos sempre empáticos para que tais situações não se repitam.

SINTIFRJ na luta pelos direitos das mulheres!

Direção Executiva – Biênio 2021 – 2023