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NOTA SINTIFRJ: Diante da segunda onda de Covid-19, ADIA ENEM!

Realizar o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) em pleno recrudescimento da pandemia que já matou mais de 200 mil brasileiros colocará em risco a segurança sanitária de todos os participantes e suas respectivas famílias. A morte por Covid-19 do diretor responsável pelo Enem, o General de reserva Carlos Souza, é um caso emblemático. É uma prova inequívoca de que a doença afeta cada vez mais a população. Além de ser capaz de fazer vítimas fatais mesmo dentro da própria equipe administrativa do INEP, composta por quem tem mais condições de se proteger e mais acesso aos meios de tratamento.
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O país tem perdido cerca de mil pessoas por dia, são vítimas da necropolítica do governo federal, muitas vezes corroborada pelos governos locais. E o Ministério da Educação (MEC) insiste em realizar o exame em plena segunda onda da pandemia. A justificativa é que o adiamento seria mais prejudicial aos jovens e que poderia atrapalhar o ingresso dos estudantes em universidades públicas e privadas. Permanecer com a realização do exame, é ignorar a consulta e a decisão dos estudantes de todo o país que concordaram pelo adiamento da prova para maio. E ignora ainda a carta assinada por mais de 45 entidades científicas, entre elas a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) que manifestaram a preocupação com a realização do exame.
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A realização do exame nesse momento é mais uma demonstração do desprezo que este governo tem para com a população, especialmente os menos favorecidos. São filhos e filhas da classe trabalhadora que amargam mais de 10 meses sem aulas presenciais, sem acesso digital de qualidade e, na maior parte das vezes, sem as condições ideais para o estudo. São famílias que tiveram que enfrentar o vírus, o desemprego, o auxílio emergencial caótico. Serão também essas famílias que terão o mais remoto acesso à vacina, quando ela vier. O governo tem pleno conhecimento de que na maior parte dos locais de realização do ENEM, não existem condições sanitárias seguras e estratégicas: Aumentar o número de salas, respeitar o distanciamento entre os estudantes e abrir os portões mais cedo para evitar aglomerações, não serão suficientes.
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Por isso, nós do SINTIFRJ, repudiamos a realização do ENEM nesse momento de pico da pandemia que já destroçou tantos lares brasileiros e aumentou ainda mais o abismo social em nosso país. O sistema de saúde – já sucateado – está em colapso, e será agravado com a realização de provas que devem reunir quase 6 milhões de pessoas. Permanecer com a realização da prova neste momento é ignorar também a exclusão social, e levará mais sofrimento e morte aos lares daqueles que têm menos condições financeiras e, portanto, sanitárias.
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