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Debate: Formação sindical em tempos de crise!

Formação sindical em tempos de crise!

No dia 16 de novembro, por volta das 13h30, no auditório do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro), começou o Encontro Regional Sudeste do SINASEFE com o tema: “Formação sindical em tempos de crise”. Neste primeiro momento, o geógrafo Caio Andrade, mostrou como nasceu o sindicalismo brasileiro. “O objetivo deste primeiro momento é resgatar a luta histórica para pensarmos como nos organizamos neste momento de governo de extrema direita no Brasil”, destacou.

Como recurso didático, o palestrante utilizou um vídeo que resgata fatos históricos da luta nacional pelos direitos trabalhistas, desde a luta da população negra na época da escravatura, passando pela migração. O protagonismo da população do nordeste para as regiões centrais do país em busca de trabalho também marcou o sindicalismo brasileiro. Nas grandes fábricas, as condições de trabalho se assemelhavam ao trabalho escravocrata, com exploração das forças produtivas, um ambiente insalubre, sem férias ou qualquer tipo de direito. “É daí que nascem as reuniões, as assembleias, os sindicatos, as primeiras greves. O sindicalismo brasileiro nasce da organização anarquista. Nasce da necessidade de direitos, de melhorias nas condições de trabalho, salários, etc”, afirmou Caio.

Durante a exibição do vídeo, mais sobre o histórico político do país e internacional é mostrado. “Crise nacional e internacional do capitalismo. O nascimento e a organização do Estado Novo. O aumento da repressão aos sindicatos paulistas e do Rio de Janeiro e, consequentemente, a diminuição no número de sindicatos nestes dois estado. A mudança do formato dos sindicatos – que nasceram combatentes às práticas do Estado, mas com a interferência das novas leis do governo Getulista e atrelagem ao Estado – ele passou a ter caráter assistencialista. “A classe operária não aceitou as novas políticas, forçou os comunistas a impulsionar ainda mais a luta. Grandes greves foram realizadas em diversas fábrica do país. Em 1945, foi criado o Movimento de União dos Trabalhadores. Era o fim do nazifascismo, deixando milhares de mortos na Europa e em outras partes do mundo. É quando no Brasil, acaba a ditadura vargas, o fim do Estado Novo. Diante disto, todo o Brasil passa por grandes mudanças: eleições; a reorganização do movimento sindical; a criação de centrais sindicais, etc”.

Depois de mais uma exibição de mais uma parte do mesmo vídeo, Caio volta a explicar que o sindicalismo passou por grandes fases. No primeiro ciclo, a disputa do sindicalismo era entre anarquistas e comunistas. O que na época de Vargas mudou, pois a disputa passou a ser entre comunistas e os amarelos, estes vinculados ao Estado. “No primeiro ciclo houve a perseguição ao sindicalismo com censura, invasão às sedes. Na época de Vargas, ele criou um sindicalismo atrelado ao estado, e intensificou a repressão, prendendo diversas lideranças. Ainda assim, mesmo com tamanha perseguição, na década de 1930, os trabalhadores conquistaram a lei de férias, dentre outros direitos”.

Por volta de 1945, houve avanço na luta sindical, mas em por volta de 1946 e 47, volta a intensificar a repressão, perseguição, prisão, adiamento das eleições sindicais. Em 1948, há uma baixa no número de sindicalizados, retrocesso das lutas por causa da repressão, das mortes, sendo esta uma realidade da democracia burguesa. Para Caio, a política internacional sempre influenciou as políticas dos governos e das lutas brasileira. “Há uma oscilação na organização sindical, mas mesmo com toda a repressão, é importante dizer que os trabalhadores tiveram nessa época grandes conquistas, exemplo os 100% do salário mínimo”.

Outros pontos da política brasileira e dos recuos e avanços do movimentos social e sindical foram colocados: Eleições, liberalismo, governo PT, alianças, manifestações de rua em 2013, as oportunidades, golpe, direita no poder. Ele termina chamando atenção para a reorganização popular, na rua e estudando. Ele ainda sugere alguns pontos em comum às lutas sociais do país: formação de pautas comuns na luta e em defesa das liberdades democráticas; da previdência social pública e universal; dos direitos trabalhistas; da soberania nacional e contra as privatizações; das reformas urbana e agrária; da saúde e da educação públicas e gratuitas; das políticas de igualdade de gênero e racial e de respeito à diversidade sexual.

Ao final do momento de formação, foi aberto debate sobre o histórico do sindicalismo e sobre a política brasileira. Caio terminou afirmando que é necessário organização popular, sindical, fortalecer os mais diversos movimentos populares para vencer este novo momento do país.

Esta importantíssima aula sobre a história do sindicalismo foi o primeiro dia de debate do Encontro Regional Sudeste do SINASEFE. O encontro que durou três dias foi dividido em três partes: 1) História do Movimento Operário; 2) Desafios do Movimento Sindical hoje; 3) Debate: O papel dos trabalhadores da Educação.

Cobertura: Gizele Martins, Sintifrj!

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